Qual é a proteína mais resistente que existe?

Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro

CRÉDITO: ADOBE STOCK

Quando conversamos sobre ciência, é importante que sejamos específicos. Resistência pode significar muitas coisas, pois depende da situação sobre a qual estamos falando. Um objeto pode ser resistente a temperatura, impacto, compressão, tensionamento, acidez, radiação, entre outras. Para essa resposta, selecionamos seis proteínas campeãs em diferentes categorias. Todas encontradas na natureza.

A campeã da termorresistência é a proteína CUT-A1, de Pyrococcus horikoshii. Ela aguenta temperaturas de até 150 graus Celsius, enquanto as proteínas de organismos comuns costumam desnaturar (processo que leva à perda da função), perdendo sua estrutura tridimensional, em temperaturas de 40 até 50 graus Celsius. Uma vez que a resistência à desnaturação por temperatura geralmente é acompanhada de resistência química, a CUT-A1 também leva o cinturão da quimiorresistência, pois suporta concentrações de cerca de duas a três vezes maiores de substâncias desnaturantes (como o cloreto de guanidina), quando comparadas a outras proteínas.

Outros agentes desnaturantes comuns são os ácidos. Eles modificam as características eletrostáticas das proteínas, fazendo-as perder sua estrutura e sua função. Algumas proteínas, no entanto, são super-resistentes a ácidos, como a pepsina, que é encontrada em nosso estômago, e resiste a pHs muito baixos, entre 1 e 2 (o pH neutro é 7).

A proteína resilina de insetos é a campeã na resistência a impactos, o nome dela já diz tudo, não é mesmo? Essa proteína é capaz de devolver elasticamente até 97% do impacto recebido por ela, superando a proteína elastina, que retorna 90% do impacto, Como comparação, as borrachas sintéticas retornam entre 60% e 80% do impacto sobre elas.

Em termos de dureza, temos uma campeã improvável. Acredite se quiser, são encontradas em dentículos de tentáculos de lulas. As suquerinas são como dentes proteicos, que, diferente dos nossos dentes, por não apresentarem  minerais em sua composição, são ferramentas biológicas capazes de agarrar presas de forma extremamente eficaz similar a materiais sintéticos duros.

E por falar em agarrar presas, não podemos deixar de mencionar as espidroínas, as proteínas formadoras de teia de arrasto das aranhas, que formam fibras extremamente resistentes à tensão, tão fortes quanto o aço (~1000 N/m²). Vejam só: um cabo formado de teia de aranha, da espessura de um lápis, poderia suspender cerca de 4 toneladas!

Uma proteína natural também bastante resistente é a queratina, presente em cabelos, chifres e cascos. Apesar de menos resistente à tensão que as espidroínas, (aproximadamente 200 N/m²), elas são muito resistentes à proteólise, ou seja, à degradação por enzimas degradadoras de proteína. 

Cada uma dessas proteínas pode ser considerada a campeã de resistência em sua própria categoria. Será que merecem um lugar no livro dos recordes?

Seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outros conteúdos desta edição

725_480 att-95639
725_480 att-95623
614_256 att-95732
725_480 att-95636
725_480 att-95847
725_480 att-95770
725_480 att-95671
725_480 att-95716
725_480 att-95704
725_480 att-95593
725_480 att-95539
725_480 att-95590
725_480 att-95614
725_480 att-95580
725_480 att-95685

Outros conteúdos nesta categoria

725_480 att-96205
725_480 att-96204
725_480 att-95593
725_480 att-95094
725_480 att-95082
725_480 att-94683
725_480 att-94684
725_480 att-94459
725_480 att-94208
725_480 att-93800
725_480 att-93801
725_480 att-93531
725_480 att-93017
725_480 att-93012
725_480 att-92459