Um novo ‘Xógum’ para o ‘século asiático’

Cientista político
Professor de Relações Internacionais
Colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha

Nova série baseada no best-seller de James Clavell dá protagonismo também às tramas e atores japoneses, numa resposta à transformação da ordem mundial

CRÉDITO: IMAGENS DIVULGAÇÃO

O escritor britânico James Clavell (1921-1994) construiu sua reputação com uma série de romances empolgantes ambientados na Ásia, tendo como protagonistas ocidentais talentosos que se destacavam nos conflitos da região. Xógum, de 1975, é sua obra mais famosa, e conta a história de um marinheiro inglês que aporta no Japão de 1600, em meio à guerra civil entre os senhores feudais do país. O livro já havia sido adaptado com sucesso para a TV na década de 1990. A nova versão, Xógum: a gloriosa saga do Japão, estreou em março em várias plataformas de streaming (FX, Disney+, Star+) e é uma superprodução multicultural em dez episódios, que dá mais atenção ao elenco nipônico e reduz a perspectiva ocidentalista de outros tempos.

O essencial do roteiro continua o mesmo. John Blackthorne (interpretado por Cosmo Jarvis) é um intrépido piloto de navio que navega pela Ásia-Pacífico em uma embarcação holandesa, saqueando postos comerciais portugueses e espanhóis e tentando estabelecer sua própria e lucrativa rota comercial para o Japão, que era então um monopólio lusitano. É motivado tanto por razões financeiras quanto por questões religiosas, no contexto das guerras entre católicos e protestantes na Europa.

 Quando seu navio encalha em uma praia nipônica, Blackthorne e sua tripulação são capturados por vassalos do poderoso senhor feudal Yoshi Toranaga (Hiroyuki Sanada, o melhor ator da série). Aos poucos, Blackthorne se torna um aliado importante para Lorde Toranaga, por seu conhecimento de geopolítica e pela artilharia tecnologicamente avançada de seu navio. Pelos olhos do marinheiro inglês, vamos conhecendo mais sobre a sociedade japonesa da época, e acompanhando as intrigas políticas de Toranaga e o forte vínculo que Blackthorne desenvolve com Lady Mariko (Anna Sawai), uma aristocrata convertida ao cristianismo que vira sua intérprete, amiga e confidente.

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