A Guerra Fria – período histórico de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética (1947-1991) – foi uma época extraordinária, do ponto de vista científico e tecnológico, em nossa história recente. O embate entre as duas superpotências teve importantes reflexos na organização da tabela periódica dos elementos químicos.
A competição pelo pioneirismo na síntese dos elementos e pela honra de escolher o nome que caberia a cada novo elemento ganharia até o nome especial de ‘a Guerra dos Transférmios’. A denominação, um tanto ampla, se refere aos transférmios, elementos com número atômico (número de prótons) superior ao do férmio (100). Na verdade, a disputa se concentrou no intervalo de 104 a 109. Alguns com mais polêmica e troca de nomes, e outros em que um lado acabou prevalecendo mais fortemente.
A União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac, na sigla em inglês) sempre esteve no meio da polêmica por ser a instituição responsável pela padronização internacional na química. Mas, em uma era marcada pelas desconfianças, quem seria o verdadeiro pioneiro na síntese dos novos elementos? Como verificar a veracidade de técnicas complicadas, trabalhosas e que normalmente produziam elementos e isótopos (variantes desses elementos) com curto tempo de duração (meia-vida) – não passando de poucos segundos?
Os elementos de maior número atômico na tabela periódica não são encontrados na Terra e precisam ser sintetizados artificialmente em laboratório. Os processos demandam equipes muito bem treinadas e equipamentos muito caros. Os principais centros de pesquisa que participaram em algum momento nessas disputas foram o Joint Institute for Nuclear Research, em Dubna (Rússia); a Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA); e o grupo do Centro GSI Helmholtz de Pesquisa com Íons Pesados, em Darmstadt (Alemanha).
Em 1964, pesquisadores da então URSS alegaram ter êxito na síntese do elemento 104 e o batizaram de ‘kurchatóvio’, em homenagem ao físico russo Igor VasilyevichKurchatov. Já um grupo de Berkeley disse ter obtido a síntese do elemento em 1969. O nome dado pelos norte-americanos foi o de ‘rutherfórdio’, para lembrar o físico e químico Ernest Rutherford (1871-1937). Este último foi o nome oficializado pela Iupac.
Neste vídeo, o químico britânico MartynPoliakoff conta um pouco mais sobre o rutherfórdio e a sua relação com Rutherford.
Pesquisadores soviéticos divulgaram terem tido sucesso na síntese do elemento em 1968, e o chamaram de ‘nielsbório’, em referência ao físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962). O anúncio da síntese pelos norte-americanos veio em 1970; o elemento foi por eles batizado de ‘hâhnio’, como forma de homenagear ao químico alemão Otto Hahn (1879-1968). Dessa vez, ainda em 1970, a Iupac decidiu por um terceiro nome: ‘dúbnio’, em alusão à então cidade soviética Dubna, sede do Instituto Central de Investigações Nucleares.
MartynPoliakoff conta, neste vídeo, que a opção pelo nome dúbnio talvez tenha sido uma barganha entre os atores na disputa pelo pioneirismo do elemento.
Novamente na dianteira, químicos soviéticos anunciaram a síntese do elemento em junho de 1974. Os norte-americanos vieram logo em seguida, com um suposto sucesso, em setembro do mesmo ano. Os primeiros não chegaram a propor um nome oficial para o elemento; cabendo aos EUA sugerirem a denominação ‘seabórgio’, que foi adotada pela Iupac.
O seabórgio foi assim batizado em homenagem ao químico nuclear norte-americano Glenn T. Seaborg (1912-1999), como comenta Martyn Poliakoff neste vídeo.
A primeira síntese do elemento foi anunciada em 1976 por cientistas soviéticos. Em 1981, foi a vez de pesquisadores alemães declararem, em Darmstadt, ter obtido o novo elemento, que batizaram de ‘nielsbório’ – o mesmo nome anteriormente proposto para o elemento 105. Em 1994, a Iupac decidiu pelo nome bóhrio.
A relação do bóhrio com o físico Niels Bohr é lembrada neste vídeo por Martyn Poliakoff em.
Em 1984, cientistas alemães e soviéticos alegaram ter descoberto o elemento. O nome ‘hássio’, sugerido pelos alemães, foi finalmente aceito em 1997 pela Iupac, após longos anos de disputa e abandonando a denominação ‘hahnio’ sugerida anteriormente pela própria Iupac.
Neste vídeo, Martyn Poliakoff faz uma visita ao centro de pesquisas GSI para mostrar o acelerador que produz o hássio e então contar um pouco mais sobre a sua história.
Elementos mais pesados que o 108 foram sendo sintetizados mais recentemente. E, com o passar dos anos, a acirrada disputa da época da Guerra Fria foi enfraquecendo. Hoje, a tabela periódica está oficialmente determinada até o elemento oganessônio, de número atômico 118.
O elemento 119, provisoriamente batizado de ununênio, é o próximo desafio de síntese, com trabalhos que já se iniciaram no Japão, feitos por uma equipe de pesquisadores liderados pelo físico Hideto Enyo.
Luis Roberto Brudna Holzle
Licenciatura de Química
Universidade Federal do Pampa
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