Departamento de Geografia
Instituto de Geociências
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Parece exagero, mas não é: a geoinformação atingiu um patamar em que o uso e a demanda por dados espaciais chegaram a um ponto de não retorno

CRÉDITO: ADOBE STOCK

Estamos realmente imersos na chamada corrente geoinformacional, segundo a qual mais de 90% dos dados veiculados no mundo – presentes em notícias, estatísticas, artigos científicos etc. – apresentam, de alguma forma, uma descrição de sua localização no espaço e no tempo. As aplicações que nos cercam se dão em diferentes escalas, espaciais ou temporais, e já não há dúvidas de que a exploração desta informação é a forma preferencial com que temos lidado com a complexidade do mundo real.

Nos últimos 30 anos, pelo menos, tem sido possível adquirir e armazenar dados de origens diversas, possibilitando a estruturação de séries temporais que permitem compreender as trajetórias que nos trouxeram até o presente e, através delas, tentar “prever” o futuro. E nós, em nosso crescimento civilizatório, sabemos bem, ou pelo menos deveríamos saber, o quanto isto é importante.

Atualmente, em meio a problemas relativos às mudanças climáticas, nos vemos sempre diante de questões urgentes, que objetivam orientar ações de mitigação. Um dos desafios dessas análises é a dimensão da área de interesse. Imagina então quando esta área corresponde a todo o globo terrestre! Só mesmo com o apoio de diversos sensores, remotos e in situ, somos capazes de cobrir uma área tão ampla, com constância e, ainda, de forma multidimensional. E olha que essa realidade só veio a se consolidar ao longo do século 20. Afinal, quantos temas são necessários para elaborar um modelo representativo dessa realidade e assim podermos entender todo este processo de mudança?

O que sempre buscamos ao olhar para todos esses dados é a compreensão dos padrões espaciais ou temporais dos fenômenos. São eles que nos indicarão a velocidade, as tendências e as dependências espaciais envolvidas – e é isso que nos ajuda a pensar em formas de atuar no território.

Todo esse arcabouço tem possibilitado que entendamos melhor os processos, muito mais do que em qualquer outro momento de nossa história. Hoje, somos capazes de fazer perguntas para o nosso passado recente e entender trajetórias de diferentes ordens, e tudo isso com base em dados coletados e estruturados ao longo de quase cinco décadas – uma árdua construção, que ao longo deste período vem passando por importantes avanços tecnológicos. Este exercício considera outro arranjo que tem propiciado a aceleração dos avanços desta construção: a transferência do mundo analógico para o digital, pois cada vez mais estamos analisando a realidade através de modelos e construindo modelos mais representativos dela.

Na área ambiental, por exemplo, com questões relacionadas a desmatamentos, erosões, redução da disponibilidade hídrica, perda de diversidade ecológica, entre muitos outros temas, não existe estudo que prescinda do uso de dados espacializados. O mesmo acontece com as questões urbanas e rurais, que demandam análises como as de vulnerabilidade, resiliência, aptidão, produtividade, risco. É possível listar muitas outras áreas e aplicações, mas o que importa é reconhecer o alcance de um patamar em que o uso e a demanda por dados espaciais chegaram a um ponto de não retorno.

Assim, fica até parecendo que tudo, em todo lugar, ao mesmo tempo nos leva à presença quase que onipresente do GEO nas nossas vidas. Parece exagero, mas não é.

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