Capital da ciência?
Entenda o conceito
FOTO: MARIA BUZANOVSKY/FIOCRUZ
No Reino Unido, um grupo de pesquisadores liderados por Louise Archer, da University College London, tem proposto uma adaptação do conceito de capital do sociólogo francês Pierre Bourdieu (1930-2002) aplicado ao papel da ciência na sociedade contemporânea. Bourdieu descreve as formas de capital – econômico, social, cultural ou simbólico – e como estas produzem as relações de privilégio ou subordinação na sociedade.
Para o grupo britânico, a ciência constitui um importante ativo na reprodução ou superação de privilégios dentro da sociedade contemporânea, e sua distribuição equitativa dentro de uma sociedade é fundamental para uma superar desigualdades sociais como um processo reproduzido historicamente. Esse novo tipo de capital foi designado, pelo grupo, de “capital da ciência”, e a ampliação de seu acesso pode permitir maior equidade na sociedade, constituindo um veículo potencial para desmontar e reestruturar as atuais relações desiguais de poder.
Ainda que seja importante manter as ações direcionadas às crianças em idade escolar, a onipresença da ciência e tecnologia no cotidiano contemporâneo demanda que a educação em ciências não fique restrita à educação formal, na escola. Segundo relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e Conselho Internacional de Museus (ICOM, na sigla em inglês), os adultos representam 66% da população, portanto é relevante pensar na educação sob a dimensão da aprendizagem ao longo da vida, também buscando maior proporção do público adulto entre os visitantes.
Diferentemente de outros campos, como as artes e os esportes, a ciência dispõe de poucos espaços sociais onde adultos não apenas podem continuar aprendendo, mas discutindo seus resultados e métodos. A ciência do cotidiano, que amplia a consciência do indivíduo sobre o mundo, de maneira crítica e contextualizada, encontra nos centros e museus de ciências um local chave nesse caminho para reduzir desigualdades sociais ao longo de toda a vida.
Rosimar R. R. De Oliveira
Achei essa abordagem, entre população de baixa renda e Museus. Muito bem ditos. Essa inclusão é necessária. Precisamos ficar de olho nesse público. Trazê-los para o conhecimento da Ciência e pesquisa. Incluí-los nesse debate.
Parabéns pelo texto. Tudo maravilhoso!