Da Rio-92 ao agravamento da crise climática

Jornalista ICH

Historiadora ambiental Elenita Malta Pereira analisa o legado da conferência realizada no Rio de Janeiro há 30 anos e lamenta as ações insuficientes de governos e empresas para enfrentar o aumento da temperatura do planeta

CRÉDITO: FOTO CEDIDA PELA ENTREVISTADA

Há 30 anos, acontecia a Rio-92, também conhecida como ECO-92, um marco nos debates sobre a crise climática. A efeméride não é a única relacionada à questão climática em 2022, destaca Elenita Malta Pereira, professora da Universidade Federal de Rondonópolis, no Mato Grosso, que se dedica há anos ao estudo da história ambiental. Outros eventos, estudos e livros relevantes para o tema também completam ‘datas redondas’, como a Conferência de Estocolmo, em 1972. “Já se discutia o tema muito antes disso, usando termos como conservação, preservação, proteção, desde o século 19. Claro que os problemas, os argumentos e as soluções se modificaram ao longo do tempo. Hoje os problemas são muito mais graves, e as soluções precisam acompanhar o tamanho dos desafios”, destaca a historiadora, que usa o método biográfico para compreender a história da proteção à natureza e o ambientalismo no Brasil. Coordenadora do canal Lutz Global no YouTube e biógrafa do ambientalista José Lutzenberger (1926-2002), que foi secretário Nacional do Meio Ambiente entre 1990 e 1992, Elenita analisa, nesta entrevista, feita pouco antes do início da COP-27, o legado da Rio-92 e os enormes desafios do Brasil e do mundo para enfrentar a crise climática.  

CIÊNCIA HOJE: A ECO-92, também chamada de RIO-92, completou 30 anos em 2022. Pode falar sobre os legados dessa conferência?

DANIEL HIRATA: Essa conferência foi muito importante, naquele contexto, de certa forma, foi o ápice de um processo crescente de popularização da temática ambiental no Brasil e no mundo. No evento, ocorreram, na verdade, duas reuniões paralelas: a ‘oficial’, com negociações extremamente difíceis, realizada no centro de convenções Riocentro, e o Fórum Global, das ONGs e sociedade civil, no Aterro do Flamengo.

A ECO-92 deixou legados importantes, como amplificação do debate para além dos movimentos ambientalistas, empresas e governos; e a consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável, que preconiza o usufruto do ambiente de forma responsável, preservando-o para as gerações futuras. Mas ele também era visto como um desafio, para os mais críticos, uma fórmula de adequação do capitalismo a um contexto de crescente escassez de recursos, para garantir a continuidade de sua expansão.

Sempre são citados como legados os documentos resultantes das discussões, como a Declaração das Florestas, a Declaração do Rio e, principalmente, a Agenda 21, um plano de ação para a virada do século, visando minimizar os problemas ambientais mundiais, mas que se revelaram de difícil execução, em especial pelos interesses econômicos dos países em jogo.

CONTEÚDO EXCLUSIVO PARA ASSINANTES

Para acessar este ou outros conteúdos exclusivos por favor faça Login ou Assine a Ciência Hoje.

Seu Comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Outros conteúdos desta edição

725_480 att-79058
725_480 att-79037
725_480 att-79219
725_480 att-79363
725_480 att-79274
614_256 att-79434
725_480 att-79129
725_480 att-79088
725_480 att-79148
725_480 att-79429
725_480 att-79453
725_480 att-79341
725_480 att-79523
725_480 att-79333
725_480 att-79493

Outros conteúdos nesta categoria

725_480 att-91182
725_480 att-90561
725_480 att-90158
725_480 att-89264
725_480 att-88721
614_256 att-88318
725_480 att-87661
725_480 att-87157
725_480 att-86817
725_480 att-86074
725_480 att-85453
614_256 att-85187
725_480 att-84683
725_480 att-84441
725_480 att-83943