Sim, é verdade. Mas não pense que estamos falando do fungo da série The last of us, que coloniza o cérebro de humanos, transformando-os em zumbis ávidos por carne. Ou ainda, que você verá uma versão de Toad, o famoso cogumelo de Super Mario Bros, portando uma carabina à espreita de sua próxima vítima. Fungos carnívoros são velhos conhecidos da ciência e podem adotar diversas estratégias químicas para “caçar” suas principais presas, os nematoides, vermes microscópicos bastante abundantes no solo.

Em um trabalho recente, publicado no periódico Science Advances, pesquisadores de Taiwan e Japão identificaram uma estratégia inusitada adotada pelo cogumelo Pleurotus ostreatus. Os cientistas verificaram que esse fungo possui estruturas chamadas toxocistos, com formato de pirulitos, que funcionam como um saco para armazenar um composto químico volátil – a 3-octanona –, que é tóxica para os nematoides. O fungo lança essa substância sobre o verme, que passa a sofrer a quebra da integridade das membranas de suas células. Dentre as células afetadas estão neurônios sensoriais e células musculares, e isso faz com que o verme fique paralisado. Em seguida, inicia-se um processo de necrose celular, levando à morte da presa. Em razão do formato dos toxocistos, cientistas chamaram essa estratégia de “caça” de “gás neurotóxico no pirulito”.  

O Pleurotus ostreatus é um velho conhecido da cozinha, popularmente chamado de shimeji ou cogumelo-ostra. Facilmente cultivável e admirado em diferentes partes do mundo, ele pode ser utilizado em uma variedade de receitas. A 3-octanona, tóxica para os vermes nematoides, é um dos compostos responsáveis pelo aroma desse cogumelo. Na verdade, a 3-octanona é encontrada também em uma série de ervas aromáticas, como a menta (Mentha arvensis), o orégano (Origanum vulgare) e o manjericão (Ocimum basilicum).