O tratamento de queimaduras e feridas no Brasil não é contemplado com o uso de pele humana ou pele animal, seja na rede pública, seja na privada. Existem no país quatro bancos de pele humana muito bem estabelecidos, todos localizados nas regiões Sul e Sudeste; porém, com uma captação insuficiente de pele humana, contemplando menos de 1% da demanda interna.
Jamais tivemos pele animal registrada e regulamentada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso em pacientes, o que é comum em países desenvolvidos, principalmente, usando a pele porcina. Esse foi um dos motivos pelos quais o grupo coordenado pelo cirurgião plástico Edmar Maciel idealizou e desenvolveu o uso da pele da tilápia para o tratamento de queimaduras e feridas.
A tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus), originária da bacia do rio Nilo (Egito) e amplamente difundida em vários continentes, é o segundo maior peixe em produção do mundo, sendo criada em larga escala no Brasil. A pele desse peixe, descartada pela indústria alimentícia, representa um problema ambiental. Portanto, ao desenvolver um produto de alta tecnologia com essa matéria-prima, resolve-se a questão ambiental, geram-se empregos e beneficiam-se pacientes queimados, aliviando suas dores e o sofrimento do longo período de internação.