Uma prova à prova de pandemia e negacionismo

Jornalista ICH

“Você não é a tia da olimpíada?” Cris Meneguello ouviu essa pergunta de uma aluna, em uma escola em Araguaína, no Tocantins. Coordenadora-geral da Olimpíada Nacional em História do Brasil junto com a historiadora Alessandra Pedro, a professora da Unicamp não poderia ter ficado mais realizada com o reconhecimento: “Foi a glória. Fiquei mais feliz com isso do que com vários artigos publicados, porque mostra como chegamos a outros lugares. A academia tem que se abrir a esse tipo de iniciativa”. Historiadora, Cris foi uma das idealizadoras da Olimpíada em 2009. Na 12ª edição, mesmo com todos os desafios da pandemia, mais de 60 mil alunos participaram. Nesta entrevista, ela fala da importância de iniciativas extraclasse, como as olimpíadas científicas, não só para o aprendizado, mas também para combater o negacionismo e o revisionismo históricos.

CIÊNCIA HOJE: Quais os principais desafios desta 12ª edição da Olimpíada Nacional em História do Brasil realizada durante a pandemia de covid-19?

CRIS MENEGUELLO: Diferentemente de outras olimpíadas científicas que tiveram que criar plataformas para se adaptar a essa situação, a Olimpíada Nacional em História do Brasil já nasceu on-line, em 2009. E, nos anos seguintes, foi adaptada para ter boa navegabilidade no celular. Quando chegou a pandemia, tínhamos a experiência de 11 anos de uma prova on-line. Mesmo assim, havia a preocupação de que alguns grupos, como escolas rurais, não conseguissem participar. E como a prova tem muita imagem, também poderia ficar pesada e consumir os planos de dados. Por isso, para 2020, adaptamos a prova para ser feita off-line e, só na hora de enviar as respostas, precisar de conexão à internet. Por isso tudo, este ano, no primeiro semestre, quando a prova é sempre realizada, fizemos uma pré-olimpíada para testar essas novidades. Realizei o sonho de ver o grau de aceitação de uma olimpíada de história para além do nosso público-alvo, que são alunos do 8º e 9º ano do fundamental e todas as séries do ensino médio, porque abrimos as inscrições para qualquer interessado. Tivemos cerca de 30 mil participantes, de 11 a de 80 anos de idade. Vimos que existe um público ávido por uma prova de história, e aproveitamos para testar essas novas funcionalidades. E aí tivemos certeza que dava para fazer no segundo semestre a olimpíada tradicional. Tivemos 62 mil inscritos, e quase todos participaram.

 

CH: A Olimpíada Nacional em História do Brasil tem o apoio do governo federal? Como é custeada?

CM: Participamos sempre do edital de olimpíadas científicas, e tivemos verba desde a primeira. A maior parte do dinheiro é do MCTIC. Mas, nas duas últimas edições, por questões de edital, não tivemos apoio e estamos fazendo somente com o valor das inscrições das equipes, que pagam uma taxa solidária de, mais ou menos, dez reais por aluno, o que torna tudo muito mais incerto. Agora procuramos novas parcerias e apoios, porque a aprendizagem extraclasse fixa muito mais e dá uma formação maior. Na escola, os professores sabem disso também.

Valquíria Daher

Jornalista
Instituto Ciência Hoje/RJ

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