Aos 24 anos de idade, a jornalista norte-americana Susannah Cahalan tinha uma vida atribulada, mas ‘normal’, em Nova York. Tudo se modificou drasticamente quando desenvolveu, de forma aguda, alucinações e delírios. Em virtude da mudança do seu comportamento, foi internada em um hospital geral e chegou a ser diagnosticada com esquizofrenia.
No entanto, alguns elementos – forma aguda de instalação dos sintomas e a presença de sintomas neurológicos, como convulsões – sugeriram que outro processo patológico potencialmente mais grave seria a causa de sua doença. De fato, após exames neurológicos, confirmou-se o diagnóstico de encefalite autoimune, uma inflamação do cérebro causada por processos autoimunes mediados por anticorpos direcionados a receptores (no caso, receptores NMDA) presentes nas membranas de neurônios.
O caso ganhou repercussão internacional em 2012 ao ser narrado em uma autobiografia intitulada Brain on fire: my month of madness (publicado no Brasil como Insana: meu mês de loucura), que virou filme homônimo, estrelado pela atriz Chloë Grace Moretz em 2016. Outro aspecto surpreendente do caso foi que, após o tratamento com imunossupressores – estratégias de inibição da atividade do sistema imune –, os sintomas esquizofrênicos de Susannah desapareceram completamente, e ela retomou sua rotina.